Friday, February 21, 2014

Não fale mal das pessoas em português

Apesar do estereótipo ser feminino, alguns homens são experts em fofoca e maledicência

Graças às diversas crises dos mercados financeiros dos anos 90, que fez com que milhares de brasileiros emigrassem para a Europa e os Estados Unidos, e também devido ao subsequente progresso económico no Brasil dos anos Lula - que aumentou o tamanho da classe média viajante - brasileiros estão por toda parte.

Além disso não é impossível em cidades universitárias encontrar estudantes americanos fluentes em português do Brasil, como eu mesmo já encontrei aqui em Austin.

Não é porque você fala português, num país onde a maioria das pessoas não fala a sua língua, que você pode sair metralhando as pessoas com palavras ofensivas.

Outro dia fui à ópera e ouvi um casal brasileiro conversando. A esposa não falava inglês muito bem, então o marido tinha de traduzir para ela o que estava acontecendo, já que a ópera era em italiano e as legendas em inglês. Além desse incómodo de ouvir alguém conversando durante o show, o marido se referia ao vilão da ópera como "o viado"..."aquele viado lá..."

O pior é que o vilão da ópera nem viado era...estava mais é querendo mandar o mocinho para ser fuzilado, assim ele poderia ficar com a protagonista da história...

Alguns viados são vilões, mas nem todos os vilões são viados. Gays são gente como qualquer um. Tem gente boa, tem gente má.

Aff dá uma descrença do nosso povo às vezes.

Então fica a dica: quer viajar pelo mundo para voltar para o Brasil e dizer para todos os amigos que é culto?  Cultura e educação não dependem de viagens internacionais. Ir para Paris não faz ninguém melhor que ninguém. Ir comprar em Orlando não faz ninguém mais educado que ninguém. Boa educação se aprende em qualquer lugar. Respeito pelo próximo se aprende em casa e na escola. Não precisa gastar $2000 doláres de passagem aérea para isso.


Lembre-se que além de outros brasileiros e portugueses, o português do Brasil é compreensível para falantes de italiano e de espanhol.

Sunday, February 16, 2014

Meus hábitos americanos


Eu sei eu sei! Ano novo e não postei nada!

Dessa vez algo mais pessoal: amigos me dizem que não pareço mais brasileiro. Realmente depois de uma década a gente cria novos hábitos.

1 - Menos banhos! No Brasil a primeira coisa que fazia antes de sair de casa de manhã era tomar banho, outro ao voltar para casa, se tivesse quente, outro antes de dormir. Aqui só um antes de dormir.

2 - Lavo menos tênis: porque as calçadas são no geral mais limpas e bem cuidadas do que no Brasil.

3 - Academia toda semana, duas vezes por semana. No Brasil eu não via necessidade de ir para a academia fazer ginástica ou levantar peso...aqui é um hábito para a maioria das pessoas. As pessoas mais sérias vão todos os dias...

4 - Yoga! Faço yoga todas as semanas já tem mais de uma década. Em Austin tem um estudio de yoga em cada esquina. Eles abrem e fecham rapidamente, mas alguns permanecem firmes e outros como Yoga Yoga tem apelo comercial.

5 - Uso de lavador de nariz. Nunca tinha usado antes de sair do Brasil. O "neti pot", como é conhecido o recipiente de porcelana aqui, serve para lavar as cavidades nasais (e sinuviais) com água e sal. Nas farmácias vendem-se sachês com um preparo próprio com bicabornato de sódio e sal para misturar com a água e disolver num recipiente plástico. O sinus rinse é ótimo para quando você tem uma gripe pesada com congestão nasal e para o aliviar o mal estar de crises alérgicas.
This photo I got from the laughing squid

6 - Uso de banquinho no vaso sanitário para número 2. Uma das maneiras de se prevenir diverticulite e câncer de intestino é manter os intestinos limpos (além do consumo de fibras). Se você colocar um banquinho ou "stepping stool" em frente ao vaso, você reproduz a posição natural para a qual o corpo dos seres humanos foi feito para evacuar (de cócoras). As pernas mais próximas do abdomen ajudam a expelir as fezes completamente. E essa é a chave da questão...veja vídeo abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=s7arvdcLWkY#t=40

7- Compro menos roupas. Elas duram mais aqui. Não sei porque. Sol?

8 - Uso de óleo pós banho. Depois de se ensaboar, esfregar, barbear no chuveiro, eu passei a usar óleo antes do enxague final. Há óleos naturais perfumados ou você pode usar óleo mineral como óleo para bebê da Johnson's. Os romanos já faziam isso (com óleo de oliva) no tempo dos imperadores: reestabelece-se a oleosidade natural da pele, previne rugas e torna a pele mais macia. Pena que demorei para descobrir.

9 - Não ando mais com medo de sair na rua e ser assaltado. Esse hábito eu perdi.

10 - Não como mais carne e não sinto falta. Excessão: ainda como camarão de vez em quando. Como consequência como mais verduras e frutas...

11 - Em São Paulo nossa comida é insossa e destemperada (o que eles chamam aqui de "blend"). Eu não aguentava a comida daqui do Texas quando cheguei. Tudo parecia apimentado demais. Agora não consigo mais ficar sem. Peço coisas apimentadas e ainda acrescento um molhinho Sriracha por cima. Também como mais comida asiática do que comia no Brasil e menos trigo.

12 - Tenho limite 0 de paciência com coisas que vão contra os meus princípios. Anteriormente, eu tentava conviver, mas agora se a pessoa é racista, homofóbica, politicamente extremista ou fascista, eu não tolero, não convivo, não tenho tempo nem paciência para esse tipo de coisa.

13 - Quase não assisto mais TV. Novela brasileira que eu via sempre uma ou outra, não assisto desde que cheguei aqui. Cinema é tão melhor! Depois de um tempo sem ver você assiste um capítulo e acha engraçado como são ruins os diálogos, a atuação...dá até dó.



14 - Adoro pickles! Eu detestava pickles no Brasil.

15 - Não acho graça em piadas ou humor sobre gays, judeus, negros, portugueses, índios e afins. Pra me fazer rir agora você vai ter de rebolar! Riso que fomenta preconceito colabora para a estigmatização das pessoas, para a divisão dos seres humanos, e não vale o momento de riso pelo mal de longa duração que propicia. Em sociedades civilizadas esse tipo de humor causa desconforto e não riso.